Violência Física por Parceiro Íntimos – uma tese sobre o assunto

22/01/2016 12:53

No ano de 2014, sob orientação da Profª Elza Berger Salema Coelho, a discente Sheila Rubia Lindner,atualmente professora da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais,  defendeu sua dissertação de mestrado intitulada “VIOLÊNCIA FÍSICA POR PARCEIRO ÍNTIMOS E CONDIÇÕES DE SAÚDE MENTAL EM HOMENS E MULHERES RESIDENTES EM FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA: ESTUDO DE BASE POPULACIONAL”

Abaixo disponibilizamos o resumo deste excelente trabalho, que traz novidades para as discussões sobre a  violência física entre parceiros íntimos. Clique aqui para acessar a dissertação na íntegra.

Resumo: Este estudo aborda a violência por parceiro íntimo – VPI, que é compreendida como aquela que ocorre em uma relação íntima, referindo-se a qualquer comportamento que cause dano físico, psicológico ou sexual àqueles que fazem parte da relação. Tem como objetivo estimar a prevalência de violência física por parceiro íntimo e sua associação com variáveis demográficas, socioeconômicas, de comportamento e de condições de saúde mental em adultos residentes em Florianópolis, Santa Catarina. A população de referência do estudo constitui-se por adultos na faixa etária entre 20 e 59 anos de idade completos no ano da pesquisa, de ambos os sexos e residentes na zona urbana do município. Realizou-se estudo transversal, com amostra representativa dessa população, selecionada em dois estágios (setor censitário e domicílio). As variáveis utilizadas foram: de interesse central (violência física por parceiro íntimo), demográficas (sexo, idade, cor da pele, estado civil), socioeconômicas (escolaridade, renda familiar per capita), de comportamento relacionado à saúde (uso abusivo de álcool), de condição de saúde (depressão, ideação suicida, transtorno mental comum). Variável de interesse central investigada em relação às demográficas, socioeconômicas e de comportamento relacionado à saúde. Variáveis de condição de saúde foram investigadas em relação às demográficas, socioeconômicas e de interesse central. Diferentes modelos de análises multiníveis foram desenvolvidos. A taxa de resposta foi de 85,3%, o que representa 1.720 adultos distribuídos em 63 setores censitários. A prevalência de sofrer qualquer violência física por parceiro íntimo foi de 17%, violência física moderada de 6,6% e violência física grave de 7,3%. Não houve diferença significativa para violência física moderada em homens e mulheres; porém, quanto mais grave o ato, maior a ocorrência deste nas mulheres. Mulheres de maior idade, viúvas/separadas, pobres, menos escolarizadas e pretas apresentam maior probabilidade de sofrer violência física. Nos homens, a prevalência de violência física grave apresentou alteração significativa apenas para estado civil. Uso abusivo de álcool por mulheres representou maior chance de sofrer violência física moderada e grave (RC 4,18 e 2,5). A prevalência de depressão, ideação suicida e transtorno mental comum para aqueles que sofreram violência física foi de 14%, 2,6% e 11,9%, respectivamente, estando esses casos significativamente associados com sofrer esse tipo de violência. A ideação suicida apresentou desfecho mais fortemente associado com sofrer violência física grave (RC 5,01 IC95% 2,55 – 9,85). Os resultados indicam que a violência física por parceiro íntimo afeta homens e mulheres; porém, quanto maior a gravidade dessa violência, maior é a vulnerabilidade das mulheres, bem como a associação com o uso abusivo de álcool. Sofrer violência física por parceiro íntimo também acarreta maior vulnerabilidade em relação à saúde mental. Destaca-se o achado em relação à ideação suicida, uma vez que entre os desfechos relacionados à saúde mental essa tem maior impacto para os envolvidos.